sábado, 21 de novembro de 2009

A NORMA LIMA

Posso afirmar que li muitos livros ao longo dos anos.

Nenhum de Fernando Pessoa.

Pegava um exemplar, deitava no sofá, devorava a obra em uma tarde.

Muitos livros de Agatha Christie ...

Oooh! Vários!

Brumas de Avalon, quatro volumes, li um por dia.

Estes foram apenas alguns que apreciei durante minha juventude.

Deixava um lencinho ao lado para enxugar minhas lágrimas que, por precaução ou de antemão, sabia que iriam cair.

Das inúmeras obras que degustei, uma me emocionou em especial, razão pela qual resolvi ler muitas vezes.

Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos.

Terminava e recomeçava automaticamente.

A obra me foi recomendada na infância por minha Ilustre Tia, Maria Luíza Alvarenga Correa, nobre tradutora, uma revisora em grandes editoras.

Terminou fazendo tricot e crochet pós aposentadoria embora soubesse corrigir com extremo rigor minhas redações ...

Por incrível que possa parecer, minha primeira função oficial, foi a de ajudante de revisão na editora em que minha Tia prestava serviços.

A ordem era bater as canetas na mesa para indicar ao revisor parceiro, durante a leitura dos textos, os sinais de vírgula, ponto, ponto e vírgula e todos os demais.

Tum.

Tum, tum, tum.

Tum, Tum.

Tente reproduzir uma locomotiva utilizando baixo, guitarra, teclados e bateria.

Quem atuou em revisão sabe o que estou dizendo.

Oh! Pobre criança de onze anos de idade com uma caneta nas mãos ...

É que minha família tinha esperanças de que me tornasse uma poetisa, concluo.

Ouviram da professora que me ensinou o be-a-bá, ... o da cartilha (!) "Onde está o patinho", de que existiam fortes indícios de minha propensão à rima ...

Isabel disse isto à minha irmã mais velha, que também lecionava na mesma escola estadual, ao balançar diante de meus esperançosos olhos, uma pequenina folha de meu caderninho, contendo alguns versinhos que elaborei aos sete anos de idade sobre os peixinhos no mar!

Oh! Que lindo rimar nadar, nadar, com nadar.

É ... ri muito ontem diante do mar!

Acertaram, ri-mar ...

Mas é verdade que sempre tive propensão à leitura.

Entretanto, eu gostava mesmo era de correr atrás da bola nos pátios da escola. Ou de sentar no meu banquinho de piano ao lado de minha amiguinha "Berê" para imitar o som do "iê, iê, iê".

Nisto sempre fui boa!

Balançar meus ossos durante um rock in roll.

Já às vésperas de subir aos palcos com um violão na mão, ao lado de meus amigos, escrevi uma redação titulada "O Homem e A Máquina", texto que terminava com uma forte explosão do veículo e uma morte sanguinária dos personagens!

Oh! Triste Fim do Policarpo Quaresma!

Era o que dizia o professor.

A minha Maria e o meu José, redação inspirada na atuação de Rita Lee, em Domingo no Parque, no Festival da Canção da Música.

É que para não tirar uma baixa nota pois, o professor de redação era um ditador da gramática, simulei um script entre a Maria e o José contendo expressões populares ...

Elaborando a redação, pensava, que ele não poderia corrigir os erros gramaticais que porventura ocorressem no texto e nem me dar uma baixa nota.

Espertinha você, hein! - disse o oriental da língua portuguesa.

Não me deu nota alguma.

Nenhum zero, perguntei?

Não vou te dar nota alguma, esbravejou, com seus olhinhos puxadinhos!

Acho que ele estava mesmo era com vontade de rir ...

Quem me dera, ... tivesse ele me dado muuuuitos zeros!

Depois de minha desclassificação no Festival da Canção do Colégio, de engessar minhas duas pernas na semana de provas finais em decorrência de uma queda durante campeonato de voley, decidi fazer uma promessa ... a de fazer algo que me entristeceria anos depois.

Agora, em razão do custo, não do "Dio" mas, do custo mesmo, decidi seguir os conselhos de Isabel e me dedicar à poesia do dia a dia, diante desta longa espera que é o aguardar.

Aguarde ... enquanto isto, vou ri-mar!

A poesia das vassouras ... a do "Homem e A Máquina" que meu professor nem se deu ao trabalho de me zerar, a que conquista a massa, a da raça.

Estou relembrando o que é escrever ao som de Rita Lee e Roberto de Carvalho.

Mas estou aprendendo bastante com a Lima, a Norma, a PresidentA do Fã Clube Oficial da Ritinha, que a toda hora me recorda "os meus pés de laranja lima" que plantei na infância e que estão no meu jardim.

Afinal das contas, ... os meus erros de português não são tão ruins assim!

Não vou ler o Fernando Pessoa, ... nada contra.

É que não quero repetir um erro, ... o de ter desistido de segurar meus pincéis quando me afirmaram que eu não era mais a Elisabete, mas o Monet!

Puxa, ... eu estava tentando era ser igual ao meu professor, o Barros!

O meu professor da pintura, a quem eu chamei de "egocêntrico" quando me despedi dele.

Disse-lhe que ele queria ser o centro de todas as atenções.

Desculpe-me, acho que ele não gostou ...

Mas é que foi o que pensei que quissesse ser um grande artista plástico, ... o que eu acho que ele é!

Moramos juntos, ... depois que fui expulsa da minha casa.

2 comentários:

  1. Jards Macalé explica. Neste época, era magérrima, apesar de permanecer muito tempo sentada lendo no sofá.

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  2. Cara Zazá, só você mesmo.
    Eu nunca li Meu pé de laranja lima, mas vi a novela, acho que passou na Tv Tupi.
    Tenho que te revelar o seguinte: você é uma poeta, tem a alma, não precisa ter escrito versos, ou os publicado.
    Tem gente que publicou poema e não é poeta.
    Tem aqueles que nunca publicaram e nem publicarão, mas que são poetas.
    Ontem revi uma entrevista da Rose Marie Muraro no antigo programa da Marília Gabriela, que passava na Rede Tv em 2000, que tinha música de abertura composta por Rita e Roberto "Lá vem ela, Marília Gabi Gabriela".
    Neste programa, Muraro divulgou dois livros que escrevera, um de suas memórias e outro sobre as feiticeiras da Idade Média, a partir do livro O Martelo das feiticeiras.
    Zazá, sempre foi muito difícil ter vassoura, por isso a reação à sua no vôo.
    Na Idade Média, 60% das mulheres foi dizimada.
    Mas leia Fernando Pessoa, no link abaixo, tem o livro Mensagem. Leia o segundo poema:
    http://www.insite.com.br/art/pessoa/mensage3.html

    Triste de quem vive em casa,
    Contente com o seu lar,
    Sem que um sonho, no erguer de asa
    Faça até mais rubra a brasa
    Da lareira a abandonar!

    Triste de quem não sonha, diz o poeta.

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