segunda-feira, 26 de outubro de 2009

VAMOS REALMENTE INVENTAR?

Inda pouco estava pensando sobre "os contadores de estórias".

É que me ensinaram na escola que "contar uma estória" é inventar uma estória.

Contar uma história é relatar um fato verídico.

Questiono se, na realidade, estória ou história, é algo diferente.

Estou começando a achar que não.

É que para contar uma estória, você acaba por viver uma história.

Se é ficção ou não, existem coincidências ou fatos semelhantes que levam ao leitor a se sentir parte dela.

Quando se cria algo, como este diário, por exemplo, você é levado às lembranças.

E quando lembro de Titãs, lembro da minha história.

Minha vida não é invento.

Mas qual o conceito de invenção?

Algo que é novo?

A fecundação de um novo ser sempre será algo que é novo apesar de não ser uma nova descoberta.

E isto me lembra "Marvin", de R. Dunbar, G.N. Johnson, uma versão de Sérgio Britto e de Nando Reis.

Cante.

A estória de Marvin te lembra alguma outra?


"Meu pai não tinha educação.

Ainda me lembro, era um grande coração.

Ganhava a vida com muito suor.

Mas mesmo assim não podia ser pior.



Pouco dinheiro pra poder pagar.

Todas as contas e despesas do lar.

Mas Deus quis vê-lo no chão.

Com as mãos levantadas pro céu.

Implorando perdão.



Chorei, meu pai disse: "Boa sorte",

Com a mão no meu ombro.

Em seu leito de morte.

E disse.

"Marvin, agora é só você.

E não vai adiantar.

Chorar vai me fazer sofrer".



Três dias depois de morrer.

Meu pai, eu queria saber.

Mas não botava nem um pé na escola.

Mamãe lembrava disso a toda hora.



Todo dia antes do sol sair.

Eu trabalhava sem me distrair.

As vezes acho que não vai dar pé.

Eu queria fugir, mas onde eu estiver.

Eu sei muito bem o que ele quis dizer.

Meu pai, eu me lembro, não me deixa esquecer.

Ele disse.

"Marvin, a vida é pra valer.

Eu fiz o meu melhor.

E o seu destino eu sei de cor".



E então um dia uma forte chuva veio.

E acabou com o trabalho de um ano inteiro.

E aos treze anos de idade eu sentia.

todo o peso do mundo em minhas costas.

Eu queria jogar mas perdi a aposta.



Trabalhava feito um burro nos campos.

Só via carne se roubasse um frango.

Meu pai cuidava de toda a família.

Sem perceber segui a mesma trilha.

Toda noite minha mãe orava.

"Deus, era em nome da fome

que eu roubava".



Dez anos passaram, cresceram

meus irmãos.

E os anjos levaram minha mãe

pelas mãos.

Chorei, meu pai disse: "Boa sorte".

Com a mão no meu ombro.

Em seu leito de morte.



"Marvin, agora é só você.

E não vai adiantar.

Chorar vai me fazer sofrer.

Marvin, a vida é pra valer.

Eu fiz o meu melhor.

E o seu destino eu sei de cor".


Qual é a cor do seu destino?

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