domingo, 27 de dezembro de 2009

DEFINITIVAMENTE, NASCI PRÁ SER FAMOSA E PARA O ROMANTISMO EXACERBADO,DIRIA CAZUZA!

Carregando o meu sobrenome explicitamente nas costas, o "Mello" ou não.

Ou de "Doce Mel", o nome já diz, uma mocinha romântica demais, depois de encenar de "B15", uma mulherzinha cômica e sensual que foi criada para sorrir em salas de bate-papo.

Ou de "Elaine Nevylle", uma garota mais pop, alguns diriam que ela teria tendências à delinquência juvenil de tanto mandar cartinhas, que gostava de digitar nas mensagens eletrônicas a expressão "yahooooo" tal qual o Fred Flintstones gritava o seu "yabadabadoo", para depois presenciar o nascimento de um dos portais mais frequentados na internet.

E pasmem, caros leitores, que é a mais absoluta verdade que a "Elaine Nevylle" até ganhou prêmio no IBEST, decorrência de sua atuação em página de música como voluntária, ficando entre os dez premiados do ano, assistindo ao vivo e de camarote, não como a Elisa ou a Bete ou a Mello, mas na roupagem da personagem, a cerimônia em que o pessoal do Casseta & Planeta e Marisa Orth, igual cerimônia de Oscar, divulgaram os escolhidos da noite.

E nós estavamos entre os premiados!

Ou de distribuir ração aos animais na roupagem da "Natal Animal", uma mendiga em prol dos pobres, carentes e abandonados animais ou de "Vovó Elisa", não importa, já não me lembro da pele de tantas outras personagens que criei desde que a internet está no ar mas, todas geradas de mim, sempre famosas, fizeram algo de sucesso ou inovador, arrumaram namorados, ficaram noivas e se casaram.

Vejam só, até a "B15", uma mulherzinha que não valia absolutamente nada, se casou com um padre que por ela se apaixonou e largou a batina!

Que sina.

Então, resolvi ser eu mesma.

Romântica, de sentimentalismo exarcebado, egocêntrica, gótica ou não, assumir minhas tendências às hipérboles, cantaria Cazuza. 

Se anos após descubro que a minha profecia, a contida na redação que entreguei para "Isabel" quando tinha apenas sete anos de idade, se concretizou, devo então admitir que nasci para as dissertações, para a escrita.


Soando bem ou não aos ouvidos da humanidade, ao contrário do titulo que levou o Festival de Woodstock, nela fiquei famosa com o meu próprio nome, o que me foi dado por meus pais, o que carrego com muito orgulho, depois de algum tempo, de ter assistido lá, um documentário sobre o maior movimento hippie da história, justamente, na rua que leva em sua placa os números sete e o quatro ...

Acreditem, foi nela que meu nome começou a ser publicado diariamente nos jornais!

Estou na imprensa e na que é oficial! Fiquei famosa! E a internet nem existia! E nela, naquela rua, profetizei que isto tudo aqui seria o futuro da humanidade! É. Disse aos meus singelos assessores: "Estudem informática!"

oooOOh Darling!

Os meus diários de papel, numerei suas folhas, escrevi em suas páginas.

Estava aqui pensando em algo alegre para contar mas em fim-de-ano a tristeza invade os sentimentos da humanidade.

Se escrevi algo que os tenha, por um acaso, feito sorrir, o texto trouxe, então, sentimentos equivocados em seus movimentos, frutos de puros deslizes.

Remexi nos arquivos de minha "memória fotográfica", expressão que meu grande amigo "Celso" gostava de balbuciar me encarando frente a frente. "Celso", que dizia ter uma memória registradora, a sua caixa de textos para duelar as respostas em provas, gostava de me contar as histórias de Machado de Assis, dedilhando em seu violão os detalhes do Roberto.

Já não sei mais se "Celso" era "Roberto Carlos" ou se "Roberto Carlos" é meu amigo "Celso".

Examinando a capa do disco "Vamos Por Aí" de Sá & Guarabyra, no lugar da imagem do segundo, vi um outro rosto, o que será tema de post futuro, na medida em que a inspiração se tornar propícia para falar sobre meus sentimentos mais profundos em respeito da arte em minhas relações de profunda amizade ou de amor.

Zé RodriX não fazia mais parte, tal qual "HM" não estava mais em nosso seio familiar.

Falar sobre este tema mais do que me entristece.

Como posso escrever contos humorísticos se a vida me relegou a um mar de tristezas?

Será que Machado de Assis executava partituras de Bach ou era constantemente medicado?

Adicionando a tristeza ao reflexo da imagem das obras de Machado de Assis, devo confessar que as coisas já não eram mais as mesmas lá em casa, nosso velho sobradinho, que jurei um dia de criança para minha amada mãezinha reformar, promessa que cumpri, como muitas outras que fiz.

De uma vida de alegria, música, passeios, festas e viagens, passamos a viver uma vida de miséria, virtude de mera represália de homem abandonado, o "HM". Eramos bastante humilhados pelas pessoas, até pelo próprio, tal qual o povo do sertão quando parte em busca de felicidade e se vê obrigado a carregar os pecados da humanidade.

Um castigo, diriam alguns.

Sorriam, suas vidas virarão contos.

Merecem isto, diriam outros.

Então, como posso executar o meu "dó", o meu lindo "sol", em minhas cordas ou em meus teclados?

Todos desapareceram.

Os que outrora frequentaram a cozinha de "IM".

As noitadas de bebidas, doces e salgados, tiveram fim.

As noites de audição ou de cantoria se quedaram silenciosas.

Com o fim delas, também, a nossa alegria.

"HM" nos deixou.

Já uma adolescente, rebelde e revoltada, com tendências à triste sina de ver minha pobre mãe, a "IM", sendo explorada descaradamente pelas pessoas ao redor, incentivando-a ao labor praticamente escravo, tendo como fundo, suas mãos doentes e tortas.

Uma escrava, a "Isaura".

Questionava dos motivos de suas mãos estarem se modificando.

Porque não parava de tricotar ou crochetar, lhe perguntava.

Obtinha em resposta que era recomendação de especialistas.

Mas que seu pescoço muito doía todo fim-de-dia.

Mas que aquilo era fonte de nosso sustento, diante das represálias.

E quanto mais usava as suas agulhas, mais as suas mãos se entortavam.

A escrava, de um amor que não teve o fim esperado, tinha tendências reumáticas.

Nunca aceitei a exploração de labor escravo.

"HM" foi quem nos submeteu a este tipo de exploração.

Lá iamos para a escola, como "IM" mandava, depois de colaborar com a limpeza da cozinha, falar de Brás Cubas, Quincas Borbas, Policarpo Quaresma, Dom Casmurro, aprender que os personagens de Machado de Assis, como nós, foram rechaçados pela sociedade.

Aprender o movimento gótico para descobrir escritores brasileiros como Alvares de Azevedo e Augusto dos Anjos.

E minha pobre mãezinha lia, sim, os romances da coleção "Rebeca" na sua cozinha, certamente, aguardando que algum lorde viesse em um majestoso cavalo resgatá-la daquela triste e amaldiçoada vida.

Caros leitores, se tiver de analisar e concluir que os meus textos estariam fadados aos lamentos exarcebados, falando sobre a cura deste estado romântico ou gótico, tivesse que escolher um bálsamo, optaria por Beethoven e não por Bach.

São as sonatas do primeiro que me fizeram transcender.

Bach, definitivamente, não seria a  minha cura ou de minhas personagens.

Mas se ser romântica ou gótica é estar fadada ao declínio ou à doença, então afirmo, morrerei insana, como Policarpo Quaresma, morrerei na sarjeta ou internada.

Quero, então, expressar neste diário o meu último desejo.

Dizem que é o predileto ou o mais interessante, afirmo que é apenas um deles.

Que meu último suspiro tenha como cenário, uma velha garagem, de preferência a da casa de minha vó-A, a Aurora, quem costumava visitar na infância, um fim breve ou não.

Que seja em algum dia, em de verão.

Depois que os céus tenham enviado uma grande pancada-de-chuva.

De ter dançado com a minha sombrinha nas mãos.

Toquem alguma sinfonia, não de Bach ou de Beethoven mas, daqueles a quem eu profundamente amo.

Rita Lee, Titãs, Roberto Carlos ou Sá, Rodrix & Guarabyra.

Porque se tiver que falar de um grande fim-de-amor, do que é verdadeiro, não foi um Mané qualquer que me levou às raias do êxtase ou da verdadeira paixão.

Não.

Eu ouvi Bob Dylan mas, tendo a Roberto Carlos e aos seus detalhes.

Então, quando me ouvirem falar de amor, quero o fundo musical dos meus homenageados.

A quem tanto amo, sem vergonha, com o fervor da emoção.

Qual sonatas que se formam no leite.

Vos digo que falo da poesia de Sá, do RodriX e do Guarabyra.

E foi nos pátios de um colégio estadual, no berço da independência do país, que assisti a um dos vários espetáculos dos homenageados, ainda muito adolescente.

Esta apresentação foi algo surpreendente para todos nós.

Como quando estava na Praia do Flamengo, no Rio, ninguém esperando pela aparição destes monstros da música popular brasileira, algo totalmente inesperado ao surgirem para iluminar aquela noite de um verão.

O show aconteceu nas quadras esportivas da escola, cujo nome não me recordo mas o ginásio ainda é sediado nas portas de uma estrada, de uma rodovia, a que nos trás ao litoral sul paulista, que leva o título de Anchieta.

Uma adolescente tímida e que ficou sentadinha, bem ao longe, observando a dupla cantar, enquanto os outros alunos cantavam e dançavam desinibidos diante do palco.

Neste dia, não sei bem o porquê mas, o ar tinha cheiro de tristeza.

Como ontem, ao assistir à apresentação de Roberto Carlos, um cheiro de dor.

Mas a dupla estava lá, como sempre, tristes, doídos ou não, expressando belos sorrisos, de instrumentos musicais em mãos, divertindo o povo que os estava assistindo.

Sem muitos avisos.

É amanhã, meus colegas disseram.

Amanhã é 27.

Mais uma vez estavam lá.

Não tive coragem de me aproximar.

Não os quis incomodar.

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