terça-feira, 29 de dezembro de 2009

SORRIA! NOSSOS PAIS FORAM EMBORA NO MESMO DIA!

Enquanto o "pegador" subia a ladeira, nossa vilinha, desciamos escondidinhos no para-choque do carro do "Rafael", marido de "Otávia".

Quem nunca "bateu-cara" brincando de "esconde-esconde"?

Bati cara no "esconde-esconde" mas foi brincando de "pega-pega" que arrebentei a testa na parede pois, ao virar por alguns segundos para responder algo para meu irmãozinho, ao endireitar novamente o pescoço me deparei com a parede do corredor de nossa casa e, ui, ui, ui, tarde demais!

Com o impacto de minha testa na parede, meu corpo de criança, foi jogado imediatamente ao chão e ... "manhêêêêê"!

Diante dos meus gritos, quem saiu correndo foi a "IM" comigo no seu colo, não para ganhar a brincadeira do "pega-pega" ou do "duro ou mole" mas, para aguardar que sua caçula levasse alguns pontos na "testa" no setor de emergência do hospital. Tenho a letra "i" nela esculpida até hoje.

São as brincadeiras de criança, quem não se lembra?

Costumavamos pular da laje de nosso sobradinho diretamente para a calçada objetivando "bater" no poste do "pegador". Tinhamos muita sorte de não nos quebrarmos todos os dias.

Isto me lembra um professor de filosofia, relembrando durante a aula uma cena dos  "Três Patetas", em que os atores desciam ao chão munidos de guarda-chuva. Meu professor disse que quando criança tentou fazer o mesmo e se estatelou ao chão e neste dia, ao gargalhar das histórias dele, estava mesmo era rindo de minhas próprias brincadeiras de criança, tempos em que pulava da laje na garagem da casa em que morava.

Amanhã, vinte e nove, hoje, my father faria aniversário.

"HM" dizia que nos deixaria em dois mil e dez.

Achava engraçado ouvir esta frase e me lembrava de Sá & Guarabyra.

Não sei se foi erro de cálculo ou não mas "HM" nos deixou em noventa e oito. Minutos antes de receber a notícia, em seis de abril, estava ao telefone conversando com minha amiga.

Depois de um dia de trabalho, sentada no sofá, ria muito das piadas que lhe contava pois, exatamente em um dia de seis de abril, entretanto, do ano de noventa e dois, "Cecy" também perdera seu pai, o "Jaquetão", este era o seu apelido.

Tudo isto é muito engraçado.

Estava trazendo à tona as boas lembranças de "Jaquetão" para fazer "Cecília" sorrir. Levante seu astral, dizia para ela. Como que por um encanto, a ligação caiu e o telefone tocou novamente para ouvir a voz do outro lado da linha noticiar que meu pai também falecera.

"Não  a-cre-di-to  nis-to", afirmei.

Desliguei o telefone para que tocasse novamente.

Era minha amiga "Cecy" mais uma vez.

Quando lhe disse, em estado de choque, que ela não acreditaria mas, acabara de ser informada do óbito de meu pai, "Cecy" perdeu sua fala e foi me prestar solidariedade durante o ritual fúnebre. Não derramei lágrimas durante os dias subsequentes. Não sei se em virtude do estado de choque ou para não contrariar minhas próprias afirmações daquela noite.

Eu e "Cecy" temos alguns laços na vida, este é um deles. Vez em quando ela diz que "comemoramos" a morte de nossos pais no mesmo dia. Sorria! Nossos pais morreram no mesmo dia! Vamos beber os mortos, como se fala nos sertões, incentivava!

"Cecília" era irmã de meu grande amigo "Celso". Acho que Machado de Assis, que "Celso" gostava tanto, tem uma personagem com este nome. Minha amiga de infância, a "Berê", não estava lá, nesta vez, para encenarmos de "Hercule Poirot".

Neste mesmo ano, perdemos outro grande amigo, o "Orêncio", e nossa tia, a "Maria Luiza". No mesmo local, adotei pessoalmente as providências para sua cerimônia de partida junto de "Kibe Frito", rapaz que conheci, de verdade, meses depois na tema livre 3, uma sala de bate-papo na internet, na época, uma das mais concorrida pelos internautas.

São as coincidências ou coisas da vida, a Rita Lee, sei lá.

Escolhi o seu terno-de-madeira, como dizia meu pai, que partiu em um dia seis, enterrado em um dia sete, ambos de abril, não para "HM" mas para "Luisa". Escolhi, também, a mais bonita coroa-de-flores, a melhor frase.

"Kibe Frito" providenciou o terno, a frase e as flores para mim. O salgadinho foi o apelido que ele usou para conversar comigo meses depois diante de um computador!

No muro em frente de minha casa, alguém grafitou a frase:  "Te amo Gel".

Preparei seus cabelos, o melhor vestido e sapatos, cobri com flores a "Maria Luisa" cantando em pensamentos Marisa Monte e Titãs.

Com a partida deles, a rua Sete de Abril, rua em que assisti o maior movimento hippie da história, perdeu de vez o encanto. Como ocorreu com o velho cinema, comecei a desmontar tudo o que tinha nela, escutando Duran Duran não em dia de quinta-feira mas, em um de fim-de-semana.

Já estava cansada de tanto ser explorada nela, queria mesmo era encerrar a rua Sete de Abril de minha vida, era apenas uma questão de alguns meses mais.

Um pouco antes, quando partimos pela primeira vez a São Tomé das Letras, em um dia vinte e nove, como amanhã, nos reunimos para comemorar o aniversário de meu pai. Munida de uma filmadora, a mesma que levei para a Gruta do Sobradinho, registramos os melhores momentos daquela festa, o "HM" em seus teclados.

Durante a comemoração brinquei de ser uma repórter, uma jornalista, uma garota bicho grilo que tinha acabado de se formar e que estava tentando se conectar com seres extra-terrestres e discos voadores.

Em São Tomé não tomamos chá de cogumelo, nem acendemos baseado algum, apenas cházinhos de hortelã ou de camomila. Quem tem o dom de se conectar com seres especiais não precisa de mais nada a não ser apenas estar lá.

Na sequência, estivemos no Memorial da América Latina para assistir Sá & Guarabyra, acho que também no ano noventa e dois. A "MHM" e a "TIM" estavam nascendo! Não era permitida a entrada com filmadoras e a máquina fotográfica ficou escondidinha pelo segundo "Regis" que conheci na vida durante toda a apresentação.

Estive com Sá & Guarabyra.

Ao lado da "MAM", "Miro" e "Reginaldo".

Como tantas outras pessoas um dia estiveram.

O retrato que tiramos, não o cantado nos detalhes do Roberto, o nosso, desapareceu, como já disse em algum post antes mas, minha memória fotográfica, como diria meu grande amigo "Celso" captou no cérebro todas estas mensagens.

Não se apaga vidas.

Nem trilha sonora delas.

Dei alguns saltos.

Estava lá, vim para cá.

Pulei lá, aterrisei.

Cá estou.

"Kibe Frito" responde, na tema livre 3 para a "Doce Mel", quando esta lhe questiona sobre a sua profissão: "Sou agente funerário".

Capitão da meia noite sai da sala ...

Cobra entra na sala ...

Rainha fala para Cobra: Oi amor!

Explodiu o modem entra na sala ... 

Doce Mel fala para Kibe Frito: Quáquáquáquáquá!

Cobra pergunta para Doce Mel: Como você consegue entrar com dois apelidos?

Explodiu o modem responde para Cobra: Segredo.

Rainha fala para Doce Mel: Oi Docinha.

VoVó Elisa responde para Rainha: Oi Rainha.

VoVó Elisa fala para Doce Mel: Oi clone!

Cobra pergunta para Doce Mel: Como você consegue entrar com três apelidos?

VoVó Elisa responde para Cobra: Segredo.

Descer empoleirados no para-choque do carro do vizinho era algo muito divertido para fugir do "pegador" no "esconde-esconde".



"HM" me dizia que sua cor predileta era o azul, a dos uniformes de escola, o azul que é marinho.

Kibe Frito fala para Doce Mel: Acho que me lembrei de você.

Elisabete: Mããããããe, aonde está o meu lápis!?!

Isabel: Onde está o patinho? Quero que me entreguem uma redação amanhã bem cedinho!

Betinha: Mããããããe, deixa a gente "ficar" com a MiMi?!?

Doce Mel pergunta para Kibe Frito: Você se lembra?

As meninas, as cinco, do sobradinho da vilinha, sempre animavam as festinhas de aniversário.


FelizAbete!

E aí? 

O AniVerSáRio Foi O MaxImo!

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